O homem que chamou a
atenção da PF: O maranhense “Zaid Mohammad” Duarte
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JOTA e VEJA –
Nascido em maio de 1974 em São Luís do Maranhão, Marcos Mario Duarte — mais
conhecido como Zaid Duarte — é um dos alvos do mandados de prisão da Polícia
Federal, entre os 10 que foram expedidos com autorização da Justiça Federal do
Paraná, na operação Hastag. Essas foram as primeiras prisões no Brasil por
suspeita de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico, que atua no Oriente
Médio, mas que tem cometido atentados em várias partes do mundo. Segundo o
jornal O Globo, o grupo preso já estava com ações terroristas prontas para
serem realizadas durante a Olimpíada no Rio de Janeiro.
De posse de Zaid Duarte, a Polícia Federal identificou 6 números
celulares distintos, sendo um do prefixo do Maranhão, e de São Paulo, sendo
dois da capital e três do interior.
A Polícia Federal não deixou claro no relatório do mandado de
prisão sobre posse de armas. Nas redes sociais o alvo da operação Hastag usa o
nome de guerra “Zaid Mohammad Abdul Rahman Duarte”. A única arma citada pelo o
ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em coletiva na manhã desta
quinta-feira (21/07), é de um fuzil adquirido pelo Paraguai. A Polícia Federal
ainda investiga o assunto.
Convertido ao islamismo há treze anos, o maranhense Zaid Duarte
vive em Amparo (SP) e se declara idealizador, fundador, vice-presidente e Emir
da Sociedade Islâmica do Maranhão.
Investigadores monitoraram durante meses dois perfis na internet
abastecidos por Zaid: um blog e uma rede social. No blog que se chama Islam
Maranhão, cuja imagem principal diz, em inglês: “você está entrando em uma zona
controlada pela Sharia. Regras islâmicas aplicadas” e que conta com cerca
de 130 seguidores assíduos, o maranhense simpático às diretrizes do Estado
Islâmico sempre faz publicações sobre grupos jihadistas — ou lobos solitários
como preferem ser chamados.
Em postagens no blog, Zaid Duarte publica textos de apologia ao
Estado Islâmico e ao anti-americanismo. “Eu não sou o primeiro nem o único nem
o último muçulmano vivendo num país ocidental vítima de todo tipo de má sorte
imposta pela propaganda guerreirista que a mídia sensacionalista pró-guerra
sangrenta americana vem travando contra a religião de Allah”, escreveu Zaid
Duarte em uma postagem em novembro de 2015.
Um dos posts que mais chamou a atenção, segundo fontes ouvidas
pelo JOTA, diz respeito a uma publicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. No blog de Zaid ele publica um post intitulado “Caçada as ratazanas do
Brasil à Arábia saudita (a lava-jato internacional)” e usa a imagem do
ex-presidente Lula de uma visita feita ao rei da Arábia-Saudita, Abdullah bin
Abdulaziz al Saud, em maio de 2009, penúltimo ano do segundo mandato.
No post ele publica: “que caia todo mal que há sobre a terra em
nome de Allah. Que os corruptores da sunnah caia (sic) sobre a espada do
califado e que lutemos com nossas forças pelo fim de toda opressão”.
Para cumprir os mandados de busca eapreensão e de prisão de Zaid
Duarte, a Polícia Federal deslocou três equipes para distintos registros de
endereços. Nos mandados, a Polícia Federal descreve que Zaid “promove o grupo
terrorista Estado Islâmico”. E segue: “há diversas conversas que trazem
mensagens de discriminação religiosa e o desejo em realizar atentados
terroristas no Brasil”. Analistas do Setor de Repressão a Crimes Cibernéticos
suspeitam que uma das fotos postadas no blog e que traz a imagem de uma
tatuagem no corpo com o símbolo do Estado Islâmico seja de Zaid.
Em outra rede social, também objeto de monitoramento da Polícia Federal,
Zaid tem quase 2 mil seguidores. A maioria das publicações são links que
remetem ao blog. Com publicações espadadas e a maioria feita em 2015, a página
na rede social trata somente de questões ligadas ao Estado Islâmico.
Assim como Zaid, os
demais alvos da operação Hastag foram enquadrados pela Lei Antiterrorismo
(13.260), aprovada neste ano pelo Congresso Nacional. Pela lei é crime a realização
de atos preparatórios para ataques terroristas.
Cerca
de 130 policiais cumpriram mandados judiciais expedidos pela 14ª Vara Federal
de Curitiba para a operação Hastag. Foram 10 prisões temporárias, duas
conduções coercitivas e 19 buscas e apreensões, nos estados do Amazonas, Ceará,
Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do
Sul.
De
acordo com a Polícia Federal, as investigações tiveram início em abril com o
acompanhamento de redes sociais pela Divisão Antiterrorismo da instituição.