Maranhense é um dos suspeitos de ligação com o Estado Islâmico

sexta-feira, julho 22, 2016
O homem que chamou a atenção da PF: O maranhense “Zaid Mohammad” Duarte
JOTA e VEJA – Nascido em maio de 1974 em São Luís do Maranhão, Marcos Mario Duarte — mais conhecido como Zaid Duarte — é um dos alvos do mandados de prisão da Polícia Federal, entre os 10 que foram expedidos com autorização da Justiça Federal do Paraná, na operação Hastag. Essas foram as primeiras prisões no Brasil por suspeita de ligação com o grupo terrorista Estado Islâmico, que atua no Oriente Médio, mas que tem cometido atentados em várias partes do mundo. Segundo o jornal O Globo, o grupo preso já estava com ações terroristas prontas para serem realizadas durante a Olimpíada no Rio de Janeiro.
De posse de Zaid Duarte, a Polícia Federal identificou 6 números celulares distintos, sendo um do prefixo do Maranhão, e de São Paulo, sendo dois da capital e três do interior.
A Polícia Federal não deixou claro no relatório do mandado de prisão sobre posse de armas. Nas redes sociais o alvo da operação Hastag usa o nome de guerra “Zaid Mohammad Abdul Rahman Duarte”. A única arma citada pelo o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, em coletiva na manhã desta quinta-feira (21/07), é de um fuzil adquirido pelo Paraguai. A Polícia Federal ainda investiga o assunto.
Convertido ao islamismo há treze anos, o maranhense Zaid Duarte vive em Amparo (SP) e se declara idealizador, fundador, vice-presidente e Emir da Sociedade Islâmica do Maranhão.
Investigadores monitoraram durante meses dois perfis na internet abastecidos por Zaid: um blog e uma rede social. No blog que se chama Islam Maranhão, cuja imagem principal diz, em inglês: “você está entrando em uma zona controlada pela Sharia. Regras islâmicas aplicadas” e que conta com cerca de 130 seguidores assíduos, o maranhense simpático às diretrizes do Estado Islâmico sempre faz publicações sobre grupos jihadistas — ou lobos solitários como preferem ser chamados.
Em postagens no blog, Zaid Duarte publica textos de apologia ao Estado Islâmico e ao anti-americanismo. “Eu não sou o primeiro nem o único nem o último muçulmano vivendo num país ocidental vítima de todo tipo de má sorte imposta pela propaganda guerreirista que a mídia sensacionalista pró-guerra sangrenta americana vem travando contra a religião de Allah”, escreveu Zaid Duarte em uma postagem em novembro de 2015.
Um dos posts que mais chamou a atenção, segundo fontes ouvidas pelo JOTA, diz respeito a uma publicação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. No blog de Zaid ele publica um post intitulado “Caçada as ratazanas do Brasil à Arábia saudita (a lava-jato internacional)” e usa a imagem do ex-presidente Lula de uma visita feita ao rei da Arábia-Saudita, Abdullah bin Abdulaziz al Saud, em maio de 2009, penúltimo ano do segundo mandato.
No post ele publica: “que caia todo mal que há sobre a terra em nome de Allah. Que os corruptores da sunnah caia (sic) sobre a espada do califado e que lutemos com nossas forças pelo fim de toda opressão”.

Para cumprir os mandados de busca eapreensão e de prisão de Zaid Duarte, a Polícia Federal deslocou três equipes para distintos registros de endereços. Nos mandados, a Polícia Federal descreve que Zaid “promove o grupo terrorista Estado Islâmico”. E segue: “há diversas conversas que trazem mensagens de discriminação religiosa e o desejo em realizar atentados terroristas no Brasil”. Analistas do Setor de Repressão a Crimes Cibernéticos suspeitam que uma das fotos postadas no blog e que traz a imagem de uma tatuagem no corpo com o símbolo do Estado Islâmico seja de Zaid. 

Em outra rede social, também objeto de monitoramento da Polícia Federal, Zaid tem quase 2 mil seguidores. A maioria das publicações são links que remetem ao blog. Com publicações espadadas e a maioria feita em 2015, a página na rede social trata somente de questões ligadas ao Estado Islâmico.
Assim como Zaid, os demais alvos da operação Hastag foram enquadrados pela Lei Antiterrorismo (13.260), aprovada neste ano pelo Congresso Nacional. Pela lei é crime a realização de atos preparatórios para ataques terroristas.
Cerca de 130 policiais cumpriram mandados judiciais expedidos pela 14ª Vara Federal de Curitiba para a operação Hastag. Foram 10 prisões temporárias, duas conduções coercitivas e 19 buscas e apreensões, nos estados do Amazonas, Ceará, Paraíba, Goiás, Minas Gerais, Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul.
De acordo com a Polícia Federal, as investigações tiveram início em abril com o acompanhamento de redes sociais pela Divisão Antiterrorismo da instituição.